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quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Ingleses muito... Franceses

Benfica e Porto foram ontem derrotados na segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, frente a Manchester United e Arsenal, respectivamente. Saha, no Manchester, e Henry no Arsenal foram as estrelas da companhia.

Porto surpeendido...


O Porto não conseguiu fazer frente ao finalista vencido da última edição da Champions, o Arsenal, e perdeu no novo Emirates Stadium por claros 2-0. Henry e Hleb foram os autores dos golos. Os londrinos entraram muito bem no jogo, a pressionar intensamente os portistas, que pouco poderam fazer nos primeiros minutos. O Arsenal viu até um golo anulado aos 5 minutos de jogo, porque a bola cruzada para Touré estava já fora de campo no momento do cruzamento. O Porto aos poucos foi conseguindo equilibrar o jogo e teve uma excelente oportunidade de inaugurar o marcador, com Lehmann a fazer uma boa defesa a um remate de Ricardo Costa. Mas aos 39 minutos apareceu o homem do jogo. Thierry Henry respondeu da melhor maneira ao cruzamento de Eboué e inaugurou o marcador, com Pepe a não conseguir mais que ver o francês marcar. O Arsenal conseguia a vantagem numa altura crucial do jogo.

Mas na segunda parte tudo piorou para o campeão nacional. Logo aos 48 minutos, Hleb respondeu da melhor maneira a um passe de Henry (quem mais??) e fez o 2-0, para espanto geral dos jogadores do Porto, que ainda agora tinham vindo de intervalo com as esperanças de um bom resultado renascidas, depois de Jesualdo Ferreira ter trocado Ricardo Costa por Meireles e Postiga por Lisandro. O Porto, a partir desta altura, não conseguiu definitivamente escoar o seu futebol, ficando praticamente a ver os ingleses a jogar, com Henry a assustar Helton por várias vezes. A única oportunidade de golo digna desse nome do Porto aconteceu aos 80 minutos, quando Quaresma rematou de longe. O Porto está assim agora com apenas um ponto, depois do empate caseiro e desta derrota. Irá ter agora uma dupla jornada com o Hamburgo, que perdeu 1-0 na Rússia com o CSKA. O Porto terá que vencer a formação germânica para acalentar esperanças em avançar na prova. O melhor em campo neste jogo foi, claro, Thierry Henry.

Benfica sem ritmo...

Um ano depois da grande vitória sobre o Manchester United, o Estádio da Luz apresentava-se de novo cheio de esperança num novo bom resultado contra os "Red Devils" de Manchester, apesar dos maus resultados internos. A exibição ainda parecia que isso era possível mas a quebra na segunda parte foi decisiva.

O Benfica fez uma primeira parte agradável. O Manchester dominou os primeiros minutos, mas logo o Benfica conseguiu equilibrar o jogo e exercer um dominio quase completo sobre o adversário, fruto de uma pressão forte, que não deixou os ingleses jogar. Mas ao mesmo tempo que exercia um dominio quase absoluto sobre a posse de bola, o Benfica parecia sem ideias para ultrapassar a defesa inglesa, e a maior parte do jogo foi disputada a meio-campo com o Benfica a criar ocasionalmente uma ou outra ocasião de golo, quase sempre através de remates de longe. A melhor ocasião da primeira parte surgiu perto do final da primeira parte, com Nuno Gomes a aproveitar um perda de bola infantil de Vidic para rematar forte e colocado para uma defesa dificil de Van der Sar. Mas foi o melhor que o Benfica conseguiu.

Na segunda parte o jogo mudou completamente de figura. O Benfica surgiu menos pressionante e o Manchester aproveitou, num rápido contra-ataque conduzido por Ronaldo que colocou a bola em Saha, que com um remate fortissimo fez o primeiro golo, sem qualquer hipotese de defesa para Quim. Estava feito o primeiro e único golo do desafio, e o Benfica pareceu acusar esse golo. O Manchester começou então a mandar no jogo, e Fernando Santos lançou Nuno Assis para o lugar de Karagounis (muito apagado) e Miccoli para o lugar de Paulo Jorge (um dos melhores do Benfica). Mas em vão, pois os ingleses continuaram a criar as melhores ocasiões de golo, com contra-ataques rápidos, quase sempre através de Ronaldo. Perto de final do jogo, Quim brilhou, com defesas a três remates consecutivos de Heinze, Fletcher e Carrick, todos quase no interior da pequena área.

O Benfica continua assim sem marcar qualquer golo na Liga dos Campeões, a que se somam apenas dois no campeonato nacional (em três jogos). Este défice atacante terá de ser rapidamente solucionado, caso contrário as amarguras poderão ser ainda maiores. A segunda parte mostrou ainda a má forma fisica dos encarnados, incompreensivel já que o Benfica leva muito mais tempo de preparação que a concorrência. Cristiano Ronaldo, uma vez mais muito assobiado na Luz, foi considerado o melhor em campo pela UEFA. No Benfica, destacam-se as exibições de Paulo Jorge e Alcides, muito esforçados e incansáveis. O Benfica irá jogar com o Celtic e os bons resultados são indespensáveis para prosseguir em frente nesta Liga Milionária.

Declarações

Jesualdo Ferreira:

«Esta noite não jogamos com uma equipa qualquer. A primeira parte foi equilibrada, embora tivéssemos alguma dificuldade na saída para o ataque. Depois, sofremos um golo perto do fim da primeira parte e outro logo no início da segunda. Ainda assim, os meus jogadores deram indicações positivas e a partir de agora temos de começar a pensar no próximo jogo. Vamos trabalhar para fortalecer a equipa psicologicamente», realçou Jesualdo Ferreira.

Ricardo Quaresma:

«Viemos aqui para ganhar e tínhamos capacidade para fazer isso. Começamos muito bem mas depois cometemos alguns erros. Nós tínhamos tudo para vencer e agora vamos continuar a trabalhar para fazer tudo o que seja possível no sentido de seguir em frente na Liga dos Campeões», afirmou Quaresma.

Arsene Wenger:

«Realizamos uma boa exibição. Estivemos algo hesitantes nos primeiros 10 minutos, mas depois controlamos. Perante a boa equipa do Porto, acabamos por ser mais fortes. Estamos nos a sentir cada vez melhores», explicou Wenger, que depois elogiou Henry: «Mesmo com jogadores que estão na equipa há sete anos ficam por vezes espantados. Ele tem um «timing» perfeito.»

Fernando Santos:

«Fizemos 45 minutos de grande qualidade, durante os quais dominámos em todos os capítulos do jogo. No intervalo disse aos jogadores que tinham de manter a mesma atitude, a mesma disciplina, e continuar a pressionar. O Manchester acabou por fazer um golo num contra-ataque e a partir daí tivemos de correr atrás do prejuízo contra uma grande equipa. Os jogadores lutaram então mais com o coração do que com a cabeça», analisou Fernando Santos. «O resultado é muito injusto para o Benfica, porque fez um excelente jogo. Durante 60 minutos a equipa mostrou que sabe jogar e que tem capacidade para fazer coisas boas, foi do melhor que tenho visto fazer», sublinhou.

Nos minutos finais surgiram lenços brancos nas bancadas da Luz. O técnico encara com normalidade a atitude dos adeptos: «É normal. Os adeptos queriam vencer, como aconteceu na época passada. Até aos 60 minutos não aconteceu nada disso, mas penso que é normal».

E quanto ao futuro do Benfica na «Champions»? «Está tudo em aberto no grupo. Temos de conseguir vencer os dois jogos em casa e alcançar um bom resultado em Glasgow, na próxima jornada».

Simão Sabrosa:

«A nossa primeira parte foi fantástica. Fizemos um “pressing” muito alto, conseguimos recuperar muitas bolas, obrigámos a defesa deles a chutar para a frente e era isso que pretendíamos. Na segunda parte não conseguimos manter o mesmo nível e fomos surpreendidos numa jogada de contra-ataque. Eles jogaram sempre à espera do nosso erro», analisou Simão, acrescentando: «Fizemos um bom jogo mas fomos infelizes. No próximo jogo esperamos chegar à vitória».

Cristiano Ronaldo:

«Já estava à espera de ser assobiado, e apesar de não gostar, já vou estando habituado. Mas quando me assobiam jogo melhor», atirou o internacional português do Manchester.

«Foi um jogo completamente diferente do da época passada. Não estivemos bem na primeira parte, não conseguimos jogar o nosso futebol. Na segunda a equipa esteve mais tranquila, percebeu que tinha de jogar para bater o Benfica. O Benfica jogou bastante bem mas o Manchester jogou melhor, pelo que o resultado acaba por ser justo», analisou.

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